Dengue, Zica, Chikungunya e Mayaro: entenda a diferença e a importância do diagnóstico

Conheça os testes rápidos e os exames diagnósticos que podem ajudar o paciente com sintomas dessas arboviroses

0
1675

Além das doenças já conhecidas pela população do Rio de Janeiro, Dengue, Zika, Chikungunya e febre amarela, outro nome começou a circular pelo estado: o Mayaro. Essa doença também é viral, transmitida pelo mosquito Haemagogus (mesmo mosquito que transmite a febre amarela) e Aedes aegypti, considerada endêmica na Amazônia. Já a Zika, a dengue e a Chikungunya são transmitidas apenas através do Aedes aegypti. Todas essas doenças são consideradas arboviroses.

Em Niterói, na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, já foram detectados três casos de Mayaro, sendo que nenhum dos moradores viajou recentemente até a Amazônia.
Além disso, o Ministério da Saúde informa que o número de casos prováveis de dengue no Brasil, em janeiro deste ano, foi mais que o dobro em comparação ao mesmo período de 2018. Até o dia 02 de fevereiro, registrou-se aumento de 149%, passando de 21.992 para 54.777 casos prováveis da doença.

Por conta da preocupação que essa nova doença causou à população fluminense e do aumento do número de casos de dengue, Zica e Chikungunya na nossa região, o Ponto de Saúde procurou a equipe do laboratório Fácil, que nos concedeu uma entrevista com o biólogo e especialista em análises clínicas da empresa, Nelson Miller de Melo, e nos acompanhou em um encontro com a médica infectologista Maria Cristina Pereira dos Santos para entender quais são as diferenças entre essas doenças, como identificá-las e tratá-las.

A infectologista Maria Cristina Pereira dos Santos nos explicou que o Mayaro já existia no Brasil, porém em outras regiões, mas agora já existe essa identificação na região sudeste do país.

Embora essas doenças sejam transmitidas pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes Aegypti, e apresentem sintomas parecidos, como a presença de febre, dores de cabeça e nas articulações, enjoo e manchas vermelhas pelo corpo, há alguns sintomas que as diferem. Separamos essa tabela do ministério da saúde, que demonstra a diferença entre os sintomas entre Dengue, Zica e Chikungunya.

Dengue, Zica, Chikungunya e Mayaro: entenda a diferença e a importância do diagnóstico 1

O Mayaro apresenta dor articular intensa, porém menor quando comparado ao Chikungunya, febre alta e normalmente não manifesta olhos vermelhos e coceira. Raramente manchas vermelhas. Seus sintomas são facilmente confundidos com a Chikungunya. Segundo a infectologista ainda não se conhece a cronificação do Mayaro. Estão estudando as consequências desse vírus em sua fase crônica.

Maria Cristina nos explicou que não existe tratamento específico para as infecções por estes vírus. “O tratamento é feito para amenizar os sintomas. A orientação do Ministério da Saúde é que o paciente procure a unidade de saúde mais próxima, faça repouso e ingira bastante líquido durante os dias de manifestação de sintomas.”– explica a médica.

Alguns medicamentos como anti-inflamatórios, podem aumentar complicações hemorrágicas, principalmente em caso de dengue. Por isso, ao apresentar os sintomas a pessoa não deve se automedicar.

A importância do diagnóstico

O diagnóstico precoce dessas doenças é muito importante para evitar as mortes (em especial no caso da dengue) e ajudar no tratamento dos sintomas. Eles também servem para a pesquisa de formulação de vacinas, para a vigilância epidemiológica e para a detecção preliminar de uma possível epidemia.

Existem três formas para o diagnóstico da Dengue, Zika e Chikungunya. O biólogo especialista em análises clínicas do laboratório fácil nos explicou que com a realização da sorologia para Dengue, a presença de anticorpos IgG e/ou IgM estabelece um diagnóstico. Porém os anticorpos IgM somente resultarão positivo após o 6º dia do aparecimento dos sintomas, e os anticorpos IgG, após o 15º dia. Dependendo da gravidade da doença, não é possível aguardar esses resultados para definir o diagnóstico do paciente.

Por isso, na falta de alternativas, são realizados exames complementares, o hemograma e a contagem de plaquetas. O médico cruza essas informações com os sintomas descritos pelo paciente.

Leia também:  TDAH: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Porém, hoje já é possível consolidar o diagnóstico nos primeiros dias da doença, por meio da pesquisa do Antígeno NS1, que é uma proteína presente durante a fase inicial da infecção, em altas concentrações no sangue de pacientes infectados com o vírus da Dengue, podendo ser detectado do primeiro ao nono dia após o aparecimento dos sintomas. É o chamado teste rápido para dengue.

A pesquisa deste antígeno NS1 é um exame específico para Dengue e um resultado positivo confirma o diagnóstico da doença, contribuindo com a conduta e o tratamento do paciente.

“O resultado desse exame sai em até uma hora e não é necessário realizar nenhuma preparação, nem estar em jejum”– explica Nelson.

Segundo a infectologista Maria Cristina, a condução do tratamento não pode depender somente do diagnóstico. Porém, existem situações em que testes rápidos ajudam muito na avaliação. “Por exemplo, se um paciente estiver com dengue e for cardiopata, ou , ele não pode receber uma quantidade grande de soro. Então, com o exame de NS1 em mãos, você já começa a repensar a quantidade de soro que será aplicada neste paciente.”– exemplifica.

Atenção especial com a Dengue

Uma dica importante que a Dra. Maria Cristina nos deu sobre a dengue, está relacionada ao cessamento da febre. Quando a febre cessa é fundamental se atentar ao aparecimento de outros sintomas, que indicam o agravamento do quadro: “ Quando cessa a febre do paciente com dengue mas começam sintomas como falta de ar, cansaço, sinais de sangramento (inclusive na gengiva e nos olhos), vômitos e dor abdominal, por exemplo, é fundamental buscar atendimento médico imediato, pois isso é um sinal de agravamento da doença. Muitas vezes o paciente acha que melhorou, já que não apresenta febre, mas na verdade o quadro está se agravando”– alerta a médica.

Pessoas que possuem comorbidades, que moram sozinhas, assim como as crianças e os idosos, precisam ter atenção redobrada em relação a doença.

Leia também:  Varizes e Vasinhos: conheça os principais tratamentos

Diagnóstico da Zica e Chikungunya

No caso da Chikungunya, também é possível fazer o teste por sorologia em busca do
anticorpo, mas o Zika não tem um teste por sorologia disponível. “Nesse caso, é possível fazer testes de material genético (PCR) para o Zika e Chikungunya.”– explica Nelson. Contudo, segundo o especialista do laboratório Fácil, estes testes só podem ser aplicados até o quinto dia após a manifestação dos sintomas para o Zika vírus e até o décimo dia para Chikungunya. Depois desse período, o vírus não está mais no organismo, então, não é detectável pelo teste de material genético (PCR).

Segundo a médica infectologista Maria Cristina, na fase crônica da Chikungunya os sintomas podem durar anos, sendo necessário um tratamento contínuo com corticoides e remédios imunossupressores, por exemplo. Por isso a importância do diagnóstico da doença.

Já no caso da Zica, na fase crônica, o quadro evolui para doenças neurológicas, como encefalite e Guillain-Barré. Essa fase dura até noventa dias após a manifestação do vírus e o diagnóstico se faz importante para que o paciente seja acompanhado.

As grávidas também precisam ficar atentas com relação ao zika, pois é a única dessas arboviroses que pode resultar em má formação para o bebê, alerta a infectologista. Caso a paciente grávida seja diagnosticada com a doença, há protocolos de acompanhamento da mãe e do bebê.

Todos esses exames podem ser realizados no Laboratório Fácil , a fim de determinar com mais precisão qual foi a doença contraída pelo paciente, em conjunto com os sintomas levantados pelo médico.

No entanto, é importante se prevenir contra as arboviroses. Isso pode ser feito por meio do uso de repelentes e evitando a proliferação do mosquito Aedes aegypti não deixando água parada sob quaisquer hipóteses.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui